CDB ou Tesouro Direto: Qual o Melhor?

O CDB e o Tesouro Direto são títulos são duas formas diferentes de fazer investimento, embora guardem semelhanças entre si.

Creio que a principal das semelhanças é o fato de se tratar os dois de investimento com uma pegada conservadora, segura, pra quem não quer perder dinheiro e, ainda assim, ficar acima dos ganhos da forma de poupar mais popular entre os brasileiros: a caderneta de poupança.

Neste artigo, falaremos dessas semelhanças e diferenças entre o investimento em títulos como o CDB e em títulos do Tesouro Direto.

  1. O que é CDB e Tesouro Direto?
  2. Entenda as diferenças e semelhanças entre um e outro
  3. Como funcionam os títulos?
  4. Quais as vantagens de investir em CDB ou Tesouro Direto?
  5. CDB X Tesouro Direto: Qual é melhor?
  6. Riscos de investir em CDB ou Tesouro Direto
  7. Quais as vantagens de cada um
  8. Entenda os custos e Taxas que envolvem os dois tipos de investimento
  9. Vale a pena investir em CDB ou Tesouro Direto?
  10. Como investir em Renda Fixa?
  11. Conclusão

1. O QUE É CDB E TESOURO DIRETO?

Em primeiro lugar, vamos entender o que é o CDB e, depois, o que é o Tesouro Direto.

CDB – Certificado de Depósito Bancário – Títulos Privados

Os CDB são títulos privados pra investimento emitidos por banco. Ao comprar e ficar de posse de um CDB, viramos credores da instituição que os emitiu: ela nos promete pagar o valor que lhe emprestamos acrescido de juros, sob determinado regime (prefixado ou pós-fixado) ao final de certo tempo.

Basicamente, estamos emprestando recursos ao banco pra que ele os use pra emprestar a terceiros. Diga-se de passagem: a juros muito superiores que aqueles pagos a nós.
Mas tudo bem. É assim que a banda toca.

Tesouro Direto – Títulos Públicos

Tesouro Direto é o nome do programa de parceria entre o Tesouro Nacional e a bolsa de valores brasileira, a B3, cujo objetivo é tornar acessível às pessoas físicas os títulos públicos da dívida nacional.

Nesse sentido, o Tesouro Direto é bem parecido com o CDB, em termos de investimento.

Todo investimento é um empréstimo que fazemos visando o lucro, através dos juros, quando do pagamento dessa dívida.

Com os títulos do Tesouro Direto não é diferente: mas não estamos emprestando a um banco e sim ao Tesouro Nacional. E esses recursos serão usados pra obras de infraestrutura do país (estradas, usinas de geração de energia, saúde, educação e muito mais).

Quem nos paga é o Tesouro Nacional.

2. ENTENDA AS DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE UM E OUTRO

Agora vamos ficar a par das semelhanças e diferenças entre os títulos do Tesouro Direto e os de CDB a respeito dos principais itens de avaliação de um investimento.

  • Emissor: os títulos do Tesouro Direto são emitidos pelo Tesouro Nacional e, portanto, são públicos. Os CDB são emitidos por uma entidade privada, geralmente um banco. No primeiro, estamos fazendo um investimento em títulos públicos e, no segundo, um investimento em títulos privados.
  • Liquidez: o Tesouro Direto tem a recompra garantida a qualquer momento pelo Tesouro Direto e, portanto, os seus títulos têm sempre liquidez garantida. Já os títulos privados dos bancos (CDB) vão depender das características individuais de cada certificado e sabemos disso na hora de fazer o investimento, um dos fatores que deve influenciar nossa decisão. No caso de investimento em CDB, quanto menor a liquidez e quanto maior o prazo de resgate, maior a possibilidade de obtermos um rendimento maior.
  • Rentabilidade: tanto os títulos públicos do Tesouro Direto como os CDB apresentarão os seguintes tipos de rentabilidade, de acordo com seu tipo – prefixada (uma porcentagem fixa anual), pós-fixada (atrelada a uma porcentagem à Selic, no caso do Tesouro Selic, e atrelada a uma porcentagem do CDI no caso do CDB pós-fixado) e misto (em ambos os casos, mais comumente, o rendimento anual corresponde ao IPCA acrescido de uma porcentagem fixa).
  • Segurança: os CDB são garantidos pelo Fundo Garantidor de Crédito até R$ 250 mil (por CPF por instituição limitado a R$ 1 milhão a cada quatro anos) e os títulos do Tesouro Direto são garantidos pelo Tesouro Nacional. Os dois são muito seguros, portanto, mas se fôssemos fazer um ranking, o investimento nos títulos do Tesouro Direto são os mais seguros.
  • Imposto de Renda: ambos, CDB e Tesouro Direto, têm incidência de Imposto de Renda pela tabela regressiva (um máximo de 22,5% sobre o lucro de nosso investimento pra permanências abaixo de seis meses e um mínimo de 15% pra permanências acima de dois anos).

Qual valor mínimo para investir em CDB ou em Tesouro Direto

Para fazer investimento, temos diferentes características quanto ao valor mínimo.

  • Tesouro Direto: o mínimo é de R$ 30 e de, pelo menos, 1% do valor dos títulos integrais. Diferentes títulos de diferentes vencimentos têm diferentes preços. Um por cento de título que custe R$ 2900 é R$ 29 e, portanto, preciso comprar pelo menos 2% ou R$ 58. Um por cento de um título que custe R$ 7900 é R$ 79. Logo, 1% basta para começarmos nosso investimento.
  • CDB: o valor mínimo apra investimento em CDB depende do CDB e de cada banco. Podemos encontrar CDB com investimento mínimo de R$ 100 e até de valores bem maiores como R$ 10 mil ou até mais. Aqui fica a dica de que quanto maior o valor mínimo mais provável que esses títulos paguem juros maiores para nosso investimento.

Prazos de investimentos e regaste: como funcionam?

Embora já tenha sido destacado em tópico anterior, há diferenças quanto aos regimes de liquidez e seus efeitos quando falamos de investimento em CDB ou Tesouro Direto.

  • Títulos do Tesouro Direto: a liquidez é diária. O Tesouro Nacional garante a recompra dos títulos desde que o mercado está aberto. Só precisamos ficar atento porque a rentabilidade contratada só é garantida todos os dias no caso do Tesouro Selic. Para dois tipos de títulos (Tesouro Prefixado e Tesouro IPCA+) a venda antecipada, a liquidação antecipada, pode gerar ganhos inferiores ou superiores ao contratado.
  • CDB: os CDB com ganhos mais vantajosos são aqueles sem liquidez, cujo dinheiro é devolvido com juros só no vencimento. Mas podemos escolher investimento com liquidez diária também. Geralmente, os bancos, principalmente os de varejo, oferecem esse tipo de opção. No entanto, nesse investimento, abrimos mão de rentabilidade em troca de podermos “sacar” o dinheiro a qualquer momento.

3. COMO FUNCIONAM OS TÍTULOS?

Primeiro vamos falar dos títulos públicos, por terem uma boa variedade e, ao mesmo tempo, características bem específicas cada um.

Títulos públicos do Tesouro Direto

  • Tesouro Selic: acompanha a Selic, taxa básica de juros de nossa economia, portanto, apresenta menos riscos em caso de liquidação (“saque”) antecipada.
  • Tesouro Prefixado: paga uma taxa fixa de juros anuais no vencimento. Em caso de liquidação antecipada, se a Selic tiver expectativa de alta, o valor do título cai. Se a expectativa é de baixa da Selic, o valor sobe. Quando compramos esse título, ele tem um valor inferior a mil reais, por exemplo, R$ 872. No vencimento, ele sempre valerá R$ 1 mil.
  • Tesouro IPCA+: paga a variação da inflação medida pelo IPCA acrescida de uma porcentagem, por exemplo, 2,5%. Garante ganhos acima da inflação e o poder de compra do seu capital, portanto. No caso da liquidação antecipada, oferece os mesmos riscos que os títulos prefixados com relação à variação da Selic.

Tanto os títulos do Tesouro Direto IPCA+ quanto os títulos Tesouro Prefixado tem versões que pagam cupons fixos de juros semestrais.

Quanto aos vencimentos, há diversas opções em datas de diferentes anos, como 2024, 2035, 2045 e outros.

CDB

Geralmente CDB não indexados pelo CDI (uma taxa interbancária muito próxima da Selic) não tem liquidez e, portanto, de um modo geral, ressalte-se, não há muita importância em possíveis variações da Selic ou do CDI: de qualquer modo nosso investimento só será liquidado no vencimento e teremos a rentabilidade contratada de qualquer forma.

CDB indexados por uma porcentagem do CDI poderão ter sim opções com liquidez diária, mas como já foi explicado, esse investimento abrirá mão de uma rentabilidade maior.

Alguns bancos têm versões de CDB com fidelização: quanto mais tempo você deixa seu dinheiro no investimento maior a porcentagem do CDI que ele rende. Porém, essas versões costumam ser de grandes bancos de varejo que ficam muito a dever em rentabilidade se compararmos com bancos pequenos e médios.

Essa diferença é abordada em nossos artigos específicos sobre CDB e vale a pena conferir por que devemos preferir o investimento em títulos de bancos menores e porque isso não significa em nada abrir mão da segurança.

 

4. QUAIS AS VANTAGENS DE INVESTIR EM CDB OU TESOURO DIRETO?

Como vimos, em ambos os casos nosso investimento significa empréstimo de dinheiro: no CDB, para um banco; nos títulos do Tesouro Direto, para o Tesouro Nacional, para o Estado.

Os dois são:

  • Seguros.
  • Acessíveis.
  • Têm rentabilidade superior à poupança.
  • Têm incidência de imposto de renda.

Eu diria que a vantagem mais palpável é o caso do resgate antecipado do Tesouro Direto em aplicações em Tesouro IPCA+ ou Prefixado: sim, se a Selic baixar ou estiver sob expectativa de baixa, esses dois títulos podem ter valorizações surpreendentes.

Fora isso, os dois tipos de títulos têm características similares, cabendo ao investidor decidir qual é o melhor considerando as características individuais dos títulos: rentabilidade contratada, vencimento, liquidez, risco etc.

5. CDB X TESOURO DIRETO: QUAL É MELHOR?

Olhando a frio, não existe investimento melhor que o outro. Essa é uma pergunta meio sem sentido quando estamos levando fazer o nosso dinheiro crescer a sério.

Isso depende de muitas coisas, como quais são os nossos objetivos, nosso perfil de investidor, quanto dinheiros temos para fazer investimento, se estamos diversificando e muito mais…

Qual rende mais?

Depende, depende!

Como vimos, só em títulos públicos, do Tesouro Direto, temos o Tesouro Selic, o IPCA+ com e sem cupom de juros semestrais e o Prefixado com e sem o cupom de juros semestrais. Só aí são 5, fora os diferentes vencimentos de cada categoria dessas.

Em termos de CDB, a coisa é ainda mais complicada: temos dezenas de bancos oferecendo CDB, com diferentes características.

Uma coisa é certa, o rendimento desse investimento cresce na proporção das seguintes características:

  • Quanto menor a liquidez.
  • Quanto maior o valor mínimo.
  • Quanto maior o prazo.
  • Quanto menor o banco (não necessariamente, mas com certeza grandes bancos de varejo pagarão taxas menores).

A pergunta, portanto, não é “qual é o melhor”, mas “qual é o melhor para você”!

Por isso, investimento exige um bocado de autoconhecimento e conhecimento dos títulos ou ativos em que vamos investir.

Se tudo estiver muito confuso, conte com a ajuda de um agente autônomo de investimento. Diferentemente de um gerente de banco (que precisa oferecer produtos do seu banco para bater metas, alguns deles muito ruins, como títulos de capitalização), o agente pode oferecer produtos de diferentes bancos, alguns com vantagens financeiras reais para você.

6. RISCOS DE INVESTIR EM CDB OU TESOURO DIRETO

Primeiro vamos aos riscos do Tesouro Direto:

  • Risco de crédito: não vou dizer que o Tesouro Nacional pode ficar insolvente, sem recursos para pagar suas dívidas. Tudo pode acontecer. Mas isso é muito difícil. Porém, o Tesouro Nacional é o único devedor do país que pode emitir dinheiro para pagar suas dívidas (se alguém disser que pode, chame a polícia pois trata-se de um falsário). Claro, emitir dinheiro para pagar dívidas causaria hiperinflação, mas isso é uma outra história.
  • Risco de liquidez: o Tesouro Nacional garante a recompra dos títulos a qualquer momento. Então podemos liquidar nosso investimento em Tesouro Direto a toda hora desde que o mercado esteja aberto.
  • Risco de mercado: atinge o Tesouro IPCA+ e o Tesouro Prefixado, caso a Selic suba ou tenha expectativa de alta.

Agora os riscos do CDB:

  • Risco de crédito: caso o banco vá à falência, estamos protegidos até um limite de R$ 250 mil pelo fundo garantidor de crédito (por CPF por instituição emissora até um teto de R$ 1 milhão a cada 4 anos).
  • Risco de liquidez: se o CDB só devolve o dinheiro com juros no vencimento e eu precisar do dinheiro antes disso.
  • Risco de mercado: no caso de um CDB prefixado, por exemplo, pode acontecer de a inflação ou os juros básicos da economia ultrapassar a porcentagem anual contratada.

 

7. QUAIS AS VANTAGENS DE CADA UM

 

8. ENTENDA OS CUSTOS E TAXAS QUE ENVOLVEM OS DOIS TIPOS DE INVESTIMENTO

Tanto o CDB quanto o Tesouro Direto tem poucas taxas.

A mais importante delas é o Imposto de Renda, que incide em alíquotas segundo uma tabela regressiva, apenas sobre o lucro:

  • 22,5% para aplicações com prazo de 180 dias;
  • 20,0% para aplicações com prazo de 181 até 360 dias;
  • 17,5% para aplicações com prazo de 361 até 720 dias;
  • 15,0% para aplicações com prazo superior a 721 dias.

Já o Tesouro Direto tem uma taxa de custódia do banco ou corretora através do qual você aplicou. Porém os bancos e corretoras estão deixando essa cobrança de lado.

Para o Tesouro Direto resta apenas a taxa da B3, que é de 0,25% ao ano sobre o valor dos títulos.

Quanto ao CDB, não há taxa.

9. VALE A PENA INVESTIR EM CDB OU TESOURO DIRETO?

Nunca é demais ressaltar: a escolha só é possível a partir do conhecimento do seu perfil de investidor, dos seus objetivos e, por fim, das características de cada investimento.

Inclusive, a escolha vai variar de acordo com o momento econômico do país: juros, inflação, crescimento e muitos outros detalhes.

Por exemplo, talvez um momento de juros baixos não seja vantajoso para aplicações em CDB indexado pela Selic.

Ou, se houver uma perspectiva de baixa da Selic, valha a pena colocar seu dinheiro em IPCA+ ou Tesouro Prefixado, visando um resgate antecipado com uma boa valorização…

Ou, ainda, talvez você queira apenas proteger um dinheiro que vai usar lá na frente… e, nesse caso, mesmo um investimento indexado por um CDI ou uma Selic baixos podem valer a pena.

Depende, depende, tudo depende.

Quem disse que cuidar de seu dinheiro com responsabilidade seria fácil?

10. COMO INVESTIR EM RENDA FIXA?

A melhor forma de se investir em renda fixa ainda é abrir uma conta em uma corretora de valores.

Isso mesmo: corretora de valores não é só para renda variável (ações, contratos, fundos mais arriscados).

Nela teremos acesso a uma variedade maior de CDB e poderemos inclusive centralizar ali nosso investimento em Tesouro Direto, de maneira descomplicada e com taxas – onde elas couberem – bem inferiores aos grandes bancos de varejo.

11. CONCLUSÃO

Como vimos, mais do que saber qual é o melhor investimento, se CDB ou Tesouro Direto, mais vale conhecer cada uma das modalidades.

Afinal, o Tesouro Direto tem muitos títulos. Cada banco, e são muitos, têm muitos CDB.

E cada uma das opções vão apresentar atrações e comportamentos diferentes em cada momento da economia.

Minha recomendação é que você estude cada um dos nossos artigos sobre o tema, tenha uma percepção de quanto dinheiro tem disponível, o que pretende e o que quer fazer, quais são seus objetivos.

E, se ainda assim estiver confuso, consulte o agente autônomo de investimento que acompanha sua conta na corretora de valores.